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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Brasil está ficando velho antes de ficar rico

Enquanto a França levou mais de um século para ter um aumento de 7% para 14% da população acima de 65 anos ou mais, o Brasil passará pelo mesmo processo em duas décadas.

Relatório do Banco Mundial (Bird) divulgado nesta quarta-feira mostra que o Brasil envelhece muito mais rápido do que os países desenvolvidos. De acordo com o levantamento, as nações ricas primeiro ficaram ricas; depois, velhas. O Brasil e outros emergentes estão ficando velhos antes de ficar ricos. Enquanto a França levou mais de um século para ter um aumento de 7% para 14% da população acima de 65 anos ou mais, o Brasil passará pelo mesmo processo em duas décadas, de 2011 a 2031.
O documento "Envelhecendo em um Brasil mais velho" alerta que a população idosa no Brasil, que hoje corresponde a 11% da população em idade ativa, em 2050, será de 49%. Em meados da década de 20, a população em idade de trabalhar vai começar a cair, e todo o crescimento populacional brasileiro se dará pelo aumento dos idosos.
Nos próximos 40 anos, a população brasileira como um todo vai crescer a uma média de apenas 0,3% ao ano, enquanto os idosos crescerão a uma taxa de 3,2% - 12 vezes mais. Assim, os idosos, que eram 4,9% da população em 1950 (e demoraram 60 anos para dobrar essa proporção e chegar a 10,2% em 2010), vão triplicar para 29,7% até 2050.
Isso é muito próximo dos 30% de idosos do Japão hoje (o país mais velho do mundo), e é mais do que todos os países europeus atualmente (a média deles é 24%). Em número absolutos, eram 2,6 milhões de idosos brasileiros em 1950, 19,6 milhões em 2010 e serão 64 milhões em 2050.
Impacto
Essas mudanças terão um enorme impacto em termos de crescimento econômico, saúde, educação e Previdência. Em termos de crescimento, vive-se o final do chamado bônus demográfico, que acaba em 2020. O bônus ocorre quando a população em idade de trabalhar cresce mais do que a população dependente (crianças e idosos). O bônus permite crescer mais e poupar mais.
Do ponto de vista da Previdência, a situação é muito ruim. O estudo calcula que, se não fossem as reformas muito brandas da Previdência dos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, os gastos previdenciários subiriam para inacreditáveis 37% do PIB. Com as reformas, vão subir para 22,4% o que é um número muito acima do máximo que qualquer país do mundo hoje gasta com Previdência (os que mais gastam chegam no máximo perto de 15%).
O estudo afirma que "mesmo com os cenários mais otimistas, o crescimento dos gastos previdenciários vai dominar o panorama fiscal no Brasil". Comprova, também, que o Brasil se destaca como um país que gasta muito mais com velhos do que com crianças. Assim, o Brasil gasta o mesmo que os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com aposentadoria, apesar de ter metade ou menos de população idosa.
Naturalmente, sobra menos dinheiro para educação das crianças. O gasto por criança no Brasil é 9,8% do salário médio nacional (tanto faz se a medida é mensal ou anual), enquanto na OCDE é de 15,5%. Por outro lado, o gasto previdenciário por pessoa aqui é 66,5% do salário médio, comparado com 30,4% na OCDE.
Saúde
Na área de saúde, também há grandes implicações do envelhecimento, já que os gastos vão disparar. A previsão é de que o número de pessoas que cuidam de velhos profissionalmente vai ter que dobrar até 2020, e quintuplicar até 2050.
O lado bom do envelhecimento é a educação. A taxa de natalidade cada vez mais baixa significa que cada vez entrarão menos alunos no sistema educacional, e será uma grande chance de o Brasil gastar mais por aluno, e dar um salto qualitativo na educação - desde que, obviamente, se estanque a tendência de repassar todo o dinheiro adicional na área social e educacional para os idosos.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Participação da China na Economia Brasileira

Terminal privado da China Shipping,
armadora de contêineres, no Porto
de Santos.

A República Popular da China, que foi fundada há 60 anos, hoje é o país que mais importa produtos brasileiros.

A China, assim como o Brasil, é considerado um país em pleno crescimento. Por isso, as relações comerciais entre ambos têm crescido muito na última década e a China já tem papel importante na economia brasileira. Para começar, nos primeiros três meses de 2009, ela foi o importador número 1 de nossos produtos, ultrapassando os Estados Unidos que, até então, sempre foram os maiores compradores do Brasil. Com isso, os chineses pagaram US$ 3,4 bilhões por produtos brasileiros, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Os produtos mais comprados são minério de ferro e soja, mas também petróleo, alimentos e carne. Além disso, segundo um estudo da Fundação Dom Cabral, até 2008, pelo menos 10 das 200 maiores indústrias chinesas já haviam se instalado por aqui.
Por outro lado, o Brasil também importa produtos da China, principalmente materiais eletroeletrônicos e carvão mineral. O sapato chinês era um item que preocupava os fabricantes brasileiros do setor, pois custava mais barato que o produzido aqui. Por isso, a partir de setembro, todo par de sapato que vier de lá terá um imposto fixo de US$ 12,47. Isso aumenta o preço do produto e deixa a concorrência mais leal com o produzido no Brasil.
Mas por que, afinal, o produto chinês é tão mais barato que o nosso? O economista João Pedro da Silva, membro do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), explica que o principal motivo é a mão-de-obra chinesa baratíssima. “O país tem mais de um bilhão de habitantes, e boa parte está na zona rural, trabalhando com carvão, já que a área propícia para agricultura é muito pequena. Essas pessoas estão loucas para trabalhar na indústria e, por isso, aceitam salários muito baixos”, explica o especialista. Segundo ele, um trabalhador em uma fábrica chinesa ganha em torno de US$ 25 mensais, ou seja, cerca de R$ 50. É muito pouco para um custo de vida que não é baixo. Um quilo de frutas, por exemplo, custa o equivalente a R$1,50.
Para o economista, a parceria entre os dois países só tende a crescer. “O Brasil é um país de economia estável, por isso o interesse de tantos outros, entre eles a China, de investirem aqui”, afirma.

Fonte: Revista Nova Escola